- Vimos em aulas passadas sobre as chamadas grandes navegações e que elas foram responsáveis pela descoberta de novas terras além mar; as grandes navegações foram responsáveis pelo contato entre diferentes povos na América, África e Ásia; mas você já parou pra pensar sobre os povos que viviam nessas regiões antes da chegada dos europeus? Como era a vida desses povos e como foi o contato dos europeus com esses povos? Nessas atividades veremos sobre isso e outros assuntos.
Texto 1 – A chegada ao Brasil
O descobrimento do Brasil é como conhecemos a chegada dos portugueses ao Brasil, em 22 de abril de 1500. A chegada dos portugueses aqui se deu pela expedição de Pedro Álvares Cabral, português que encabeçava a travessia cujo destino final era a Índia. Os historiadores ainda discutem, atualmente, se houve intencionalidade na chegada dos portugueses aqui.
A chegada dos portugueses ao Brasil foi parte do processo das Grandes Navegações e deu início à presença contínua dos portugueses no território brasileiro. A partir desse acontecimento, iniciou-se a colonização do Brasil, embora os portugueses só tenham tomado medidas efetivas de colonização a partir da década de 1530.
Texto 2 – As navegações espanholas
A Espanha também se destacou nas conquistas marítimas deste período, tornando-se, ao lado de Portugal, uma grande potência.
Enquanto os portugueses navegaram para as Índias contornando a África, os espanhóis optaram por um outro caminho. O genovês Cristóvão Colombo, financiado pela Espanha, pretendia chegar às Índias, navegando na direção oeste. Em 1492, as caravelas espanholas, Santa Maria, Pinta e Niña partiram rumo ao oriente navegando pelo Oceano Atlântico.
Colombo tinha o conhecimento de que nosso planeta era redondo, porém desconhecia a existência do continente americano. Chegou em 12 de outubro de 1492 nas ilhas da América Central, sem saber que tinha atingido um novo continente. Foi somente anos mais tarde que o navegador Américo Vespúcio identificou aquelas terras como sendo um continente ainda não conhecido dos europeus. Em contato com os índios da América (maias, incas e astecas) , os espanhóis começaram um processo de exploração destes povos, interessados na grande quantidade de ouro. Além de retirar as riquezas dos indígenas americanos, os espanhóis destruíram suas culturas.
Texto 3 – Divisão do mundo
Por serem os países pioneiros nas grandes navegações Portugal e Espanha fizeram uma série de tratados que visavam a divisão e demarcação das terras descobertas além mar. Os mais importantes foram a Bula Inter Coetera, que cedia a Portugal todas as terras a 100 léguas a oeste de Cabo Verde e a leste a Espanha, e o Tratado de Tordesilhas, que movia essa linha imaginária para 370 léguas a oeste de Cabo Verde. Estes dois tratados ignoravam as outras nações europeias que não respeitaram o tratado e posteriormente invadiram as regiões portuguesas e espanholas.
Atividades:
1 - A “Carta de Pero Vaz de Caminha” ou “Carta a el-Rei Dom Manoel sobre o achamento do Brasil” foi um documento escrito pelo escrivão português Pero Vaz de Caminha sobre o contato com os indígenas brasileiros e as terras recém descobertas. Redigido em 1.º de maio de 1500, em Porto Seguro, Bahia, foi levado para Lisboa sob os cuidados de Gaspar de Lemos, considerado um dos maiores navegadores de seu tempo.
Trechos da carta:
“De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa. Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares […]. Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente.”
"Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas, que, certo, assim pareciam bem. Também andavam entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a nádega, toda tingida daquela tintura preta; e todo o resto da sua cor natural. Outra trazia ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também os colos dos pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso desvergonha nenhuma."
"Todos andam rapados até por cima das orelhas; assim mesmo de sobrancelhas e pestanas. Trazem todos as testas, de fonte a fonte, tintas de tintura preta, que parece uma fita preta da largura de dois dedos."
"Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como se os houvesse ali. Mostraram-lhes um carneiro; não fizeram caso dele. Mostraram-lhes uma galinha; quase tiveram medo dela, e não lhe queriam pôr a mão. Depois lhe pegaram, mas como espantados. Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel, figos passados. Não quiseram comer daquilo quase nada; e se provavam alguma coisa, logo a lançavam fora. Trouxeram-lhes vinho em uma taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram dele nada, nem quiseram mais. Trouxeram-lhes água em uma albarrada, provaram cada um o seu bochecho, mas não beberam; apenas lavaram as bocas e lançaram-na fora. Viu um deles umas contas de rosário, brancas; fez sinal que lhas dessem, e folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço; e depois tirou-as e meteu-as em volta do braço, e acenava para a terra e novamente para as contas e para o colar do Capitão, como se dariam ouro por aquilo."
Após ler os trechos destacado responda:
a) De que forma Caminha descreve os indígenas?
b) Quais as diferenças marcantes relatadas nas cartas?
c) Quais as diferenças você acha que os indígenas sentiram em relação aos povos desconhecidos?
d) Que parte dentre os trechos destacados demonstram o verdadeiro interesse dos portugueses nas terras recém descobertas?
2 – O rei Francisco I, da França, utilizou da ironia para repudiar a divisão do mundo entre espanhóis e portugueses ao comentar: “Gostaria de ver o testamento de Adão para saber de que forma este dividira o mundo”. Com esta frase, o rei francês criticava o:
a) Tratado de Versalhes.
b) A Bula Intercoetera.
c) Tratado de Tordesilhas.
d) Tratado de Brest-Litovski.
e) Tratado de Madri.
3 - O que foi a Bula Inter Coetera?
Texto 4 – Os povos Africanos.
Antes da chegada dos europeus a África já abrigava uma grande diversidade de povos, muito embora a Europa só conhecesse o norte do continente, também chamado de África Branca. O continente africano foi lar de vários impérios gigantescos como os egípcios, os impérios de Gana, Mali, Ioruba, o Reino Daomé e o Reino do Congo. A história desses povos grandiosos foi por muito tempo negada mas devido a pesquisadores esse conhecimento tornou-se possível.
Para contar a história desses povos antigos os pesquisadores utilizaram várias fontes históricas, por exemplo:
- Fontes escritas: Textos de viajantes como Ibn Batuta e contos como os contados por Leão Africano no livro Descrição da África e das coisas notáveis que ali existem;
- Fontes não escritas: como obras de arte, construções, vestimentas, tradições orais e etc. Os contos orais são as principais formas de se conhecer a história da África e dos povos que habitaram a região antes da chegada dos europeus.
Império Gana
Império Gana foi o mais antigo Estado negro que se conhece, fundado no século IV, e conquistou uma grande área onde exerceu dominação política e econômica, ao sul do que hoje conhecemos por Mauritânia, Senegal e Mali. Foi um núcleo formado pelos povos conhecidos como soninkê.
Inicialmente Gana era o título dado ao governante que atribuía sua soberania aos povos dominados. Gana conheceu seus tempos áureos após 790, quando o poder esteve sob o controle da dinastia Cissê Tunaka, exercido de forma matrilinear. Do século IX ao século XI a hegemonia de Gana foi reconhecida.
A base econômica deste império baseava-se no recolhimento de tributação, imposta aos povos conquistados e aos produtos que circulavam em seus domínios. Além disso atividades de subsistência como a pesca, a pecuária e a agricultura formavam parte importante de sua economia. Além de um poderoso exército, os soberanos tinham também ao seu dispor uma gama variada de funcionários.
A localização e seu poder hegemônico garantiam um fluxo comercial contínuo, articulando saarianos e sul saarianos, ou seja, conseguiam explorar uma importante região de comercio. Assim, do Norte vinham o cobre, cauris (os búzios), tecidos de seda e algodão e o sal, que eram trocados por marfim, escravos e ouro.
Com esta grande articulação comercial Gana conseguiu se manter como império até o século XI, quando foram derrotados diante de tropas de cavaleiros e muçulmanos do Marrocos que estavam em guerra contra os pagãos, como o povo de Gana. Gana foi, portanto, a última barreira para a entrada do Islã na região.
Império Mali
Com o declínio de Gana diversas disputas por influência ocorreram entre estados menores, paralelos e independentes, no século XII. Um desses estados era formado pelo povo conhecido por sosso, de etnia Soninke. Foi por meio das armas que estes se impuseram e alcançaram hegemonia no século XIII.
O Império Mali era formado por povos presentes na região situada entre o Rio Senegal e o Rio Níger. Dentre esses povos o mais importante eram os mandingas, conhecedores do Islã desde o século XI. Mas, além deles, outros povos formavam este império, como os soninkês, os fulas, os sossos e os bozos.
Sundjata Keita foi o maior representante do Império Mali, e estendeu sua autoridade para unidades políticas próximas, formando um estado unificado e hegemônico até o século XV.
A hegemonia do Mali na África Ocidental ocorreu por alguns importantes fatores, como a formação de um exército poderoso, o controle na extração do ouro e a existência de uma administração eficiente. Esses pontos fizeram do Mali um dos impérios mais bem-sucedidos do continente africano.
Seu representante supremo era chamado de Mansa, e residia na cidade de Niani, ao norte da atual República da Guiné. O apogeu da dinastia Keita ocorreu no século XIV, durante o governo de Kankan Mussa, o Mansa Mussa.
Reino do Congo.
Fundado por volta do século XIV, esse Estado centralizado dominava a parcela centro-ocidental da África. Nessa região se encontrava um amplo número de províncias onde vários grupos da etnia banto, principalmente os bakongo, ocupavam os territórios. Apesar da feição centralizada, o reino do Congo contava com a presença de administradores locais provenientes de antigas famílias ou escolhidos pela própria autoridade monárquica.
Apesar da existência destas subdivisões na configuração política do Congo, o rei, conhecido como manicongo, tinha o direito de receber o tributo proveniente de cada uma das províncias dominadas. A principal cidade do reino era Mbanza, onde aconteciam as mais importantes decisões políticas de todo o reinado. Foi nesse mesmo local onde os portugueses entraram em contato com essa diversificada civilização africana.
A principal atividade econômica dos congoleses envolvia a prática de um desenvolvido comércio onde predominava a compra e venda de sal, metais, tecidos e produtos de origem animal. A prática comercial poderia ser feita através do escambo (trocas) ou com a adoção do nzimbu, uma espécie de concha somente encontrada na região de Luanda.
O contato dos portugueses com as autoridades políticas deste reino teve grande importância na articulação do tráfico de escravos. Uma expressiva parte dos escravos que trabalharam na exploração aurífera do século XVII, principalmente em Minas Gerais, era proveniente da região do Congo e de Angola. O intercâmbio cultural com os europeus acabou trazendo novas práticas que fortaleceram a autoridade monárquica no Congo.
Atividades:
1 – Quando falamos sobre a África o que vem a sua mente? Você diria que esse continente e seu povo sofre algum tipo de preconceito. Justifique a sua resposta.
2 – Quais eram as principais atividades econômicas dos congoleses? De que forma eles se relacionavam com os portugueses?
3 – Quais as fontes os pesquisadores utilizaram para contar a história dos antigos reinos africanos?
4 – Qual era a base econômica do reino de gana? Como esse grande reino chegou ao seu fim?