Em atividades passadas vimos sobre a vinda da família real portuguesa para o Brasil e os seus desdobramentos na política brasileira, vimos que a vinda da corte portuguesa ocorreu por causa do período napoleônico e do bloqueio continental, vimos também que aqui no Brasil, D. João VI tomou algumas medidas que não agradaram muito a população brasileira, sobre tudo não agradava ao povo os altos impostos cobrados ao povo do país; além dos problemas no Brasil em Portugal a situação também não estava boa, pois os portugueses também estavam insatisfeitos com a sua situação política. Veremos nessa atividade o como essa situação refletiu na volta da família real a Portugal e no processo de independência do Brasil.
Texto 1 – Revolução do Porto de 1820
Desde a vinda da família real para o Brasil, Portugal estava à beira do caos. Com a invasão dos exércitos de napoleão a população portuguesa temerosa fugiu, o que fez com houvesse em Portugal uma forte diminuição da população, além disso uma grave crise econômica se abateu sobre os comerciantes portugueses motivados pelo fim do monopólio comercial que estes tinham sobre o Brasil.
Além da grave crise econômica e do descontentamento popular, o sistema político era marcado pela tirania do comandante inglês, que governava o país. Tudo isso levou os portugueses a aderirem ao movimento revolucionário que teve início na cidade do Porto em 24 de agosto de 1820.
Essa foi uma revolução de caráter liberal que se iniciou em Portugal poucos anos depois da derrota definitiva de Napoleão Bonaparte. A burguesia portuguesa exigia reformas que colocassem fim à crise econômica e política que o país enfrentava e ainda desejava o fim do absolutismo. Havia uma grande insatisfação por parte dessa classe com a liberdade econômica conquistada pelo Brasil durante o Período Joanino.
Com o deflagrar dessa revolução, foram formadas as Cortes Portuguesas, instituição convocada para elaborar uma nova Constituição para o país e para liderar as reformas necessárias. As Cortes passaram a exigir, de imediato, que o rei português, D. João VI, retornasse à Lisboa e que o monopólio comercial fosse novamente instaurado no Brasil.
No Brasil, em paralelo a esses acontecimentos, movimentos populares pediam a saída de D. João VI e de sua corte do Brasil, isso se devia aos altos impostos cobrados pela coroa portuguesa e por já haver um movimento político que objetivava a independência no Brasil e via na volta da família real a Portugal uma oportunidade para que isso se efetivasse. Por causa desses acontecimentos em abril de 1821 a família real portuguesa iniciou o processo de retorno a Portugal, porém D. João VI deixou no comando do Brasil como príncipe regente o seu filho D. Pedro I
TEXTO 2 – O dia do Fico e a Independência do Brasil
Após a volta da família real para Portugal, os portugueses demonstraram a intenção de impor a autoridade de Lisboa sobre todas as regiões do Império Português. A intransigência dos portugueses na relação com os brasileiros fez com que a disposição da elite brasileira a negociar fosse transformada em resistência. Com isso, a agitação revolucionária no Brasil começou a aumentar e foi impulsionada pela elite do Sudeste. Entre setembro e outubro, a relação entre Brasil e Portugal agravou-se por medidas determinadas pelas Cortes. Essas medidas foram: envio de mais tropas portuguesas para o Brasil; transferência de instituições do Rio de Janeiro para Lisboa e a exigência do retorno do príncipe regente D. Pedro I para Portugal.
A reação ao pedido de retorno de d. Pedro para Portugal foi muito grande e negativa, fazendo os brasileiros insatisfeitos organizarem o que ficou conhecido como Clube da Resistência. Por meio deste, foi organizado um abaixo-assinado contra o retorno de d. Pedro a Portugal. O príncipe regente recebeu esse documento com oito mil assinaturas em janeiro de 1822.
Esse evento acabou levando ao Dia do Fico, que aconteceu em 9 de janeiro, e foi uma ocasião em que D. Pedro anunciou publicamente que desobedeceria a ordem portuguesa e permaneceria no Brasil. Até hoje os historiadores não têm certeza da fala proferida por d. Pedro, pois existem divergências nos relatos.
Nessa altura dos acontecimentos, a saída pela defesa da independência começava a ganhar força nas elites brasileiras, embora ainda fosse do desejo de muitos encontrar um caminho que conciliasse os interesses de Brasil e Portugal. A atuação das Cortes, por sua vez, selou o caminho e conseguiu unificar a maioria das províncias brasileiras pela independência.
Em maio de 1822, ficou decidido que as ordens enviadas por Portugal só teriam validade no Brasil por meio da aprovação pessoal de d. Pedro, e isso ficou conhecido como o Cumpra-se. Em junho foi convocada uma Assembleia Constituinte, com a intenção de elaborar uma Constituição para o Brasil.
A condução do processo de independência foi realizada, principalmente, por José Bonifácio, uma vez que ele conseguiu imprimir muitas de suas ideias nas decisões tomadas e na forma como D. Pedro administrava o Brasil.
Por fim, veio o rompimento oficial. No final de agosto, uma carta com novas ordens de Portugal chegava ao Brasil, e o tom continuava ríspido. As Cortes criticavam os “privilégios” brasileiros, exigiam novamente o retorno do regente e chamavam José Bonifácio de traidor. Essa nova carta fez a esposa de D. Pedro, D. Leopoldina, convocar uma sessão extraordinária que ficou decidida pela independência do Brasil.
As notícias trazidas de Portugal e a decisão dessa sessão extraordinária foram enviadas para D. Pedro. O regente estava em viagem para São Paulo, e o mensageiro chamado Paulo Bregaro alcançou a comitiva do regente em 7 de setembro de 1822, às margens do Rio Ipiranga. Ao inteirar-se da situação, o regente, supostamente, realizou o grito da independência, também conhecido como Grito do Ipiranga.
Esse acontecimento é considerado como o marco da independência brasileira. A partir daí, foi iniciada uma guerra de independência, pois algumas províncias optaram por manter-se leais a Portugal. Depois de alguns anos em guerra, a independência do Brasil foi reconhecida por Portugal em 1824. Nesse período de 1822 a 1824, o Brasil começava organizar-se como nação independente enquanto derrotava as províncias que ainda eram leais a Portugal.
ATIVIDADES DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
1 - Coloque F para falso e V para verdadeiro.
2 – Quais os motivos da revolução do porto de 1820? Quais eram as exigências dos revoltosos?
3 – O que foram as cortes portuguesas? Que decisões as Cortes de Lisboa tomaram em relação ao Brasil?
4 – Explique com suas palavras o que você compreendeu como o Dia do Fico.
5 - O que fez D. Pedro quando as pressões das Cortes portuguesas aumentaram?
PESQUISA:
- Quem foi José Bonifácio?
- Principais fatos e curiosidades sobre D. Pedro I
- O que foi o grito do Ipiranga?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E SITES
Projeto Araribá: História/organizadora Editora Moderna; Maria Raquel Apolinário. – 3. Ed. – São Paulo: Moderna, 2010
Cotrim, Gilberto. Historiar, 6º,7º e 8º ano: ensino fundamental, anos finais/Gilberto Cotrim, Jaime Rodrigues. 3º ed. São Paulo: Saraiva, 2008