O processo de independência a América Latina
Após a colonização de sua respectiva porção a Espanha dividiu suas colônias em vice-reinos e capitanias. O império colonial espanhol, desde o século XVIII, estava dividido em quatro vice-reinados e quatro capitanias gerais:
- Nova Espanha: composto pelo México e parte dos Estados Unidos.
- Nova Granada:integrada pelos atuais territórios de Colômbia, Panamá e Equador,
- Peru: correspondente ao Peru;
- Rio da Prata: constituía a área equivalente a Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia.
Por sua parte, as capitanias-gerais equivalem territórios de Cuba, Guatemala, Venezuela e Chile.
Situação da América Espanhola
A economia da américa espanhola era baseada na mineração e na produção de matérias primas agrícolas que podiam ser comercializados somente com a metrópole (no caso a Espanha), essa relação de domínio comercial da Espanha sobre os vice-reinos desagradava a elite colonial da américa latina, pois os seus lucros eram limitados e seu crescimento era impedido por leis de monopólio comercial.
A sociedade era dividida entre chapetones e criollos:
- Chapettones: branco nascido na Espanha e habitantes das colônias espanholas na América, eram proprietários de terra e minas e ocupavam os cargos mais altos da administração
- Criolos: Descendente de espanhóis nascido na américa
A maior parte da população era explorada e composta por uma grande maioria mestiça, indígena e escrava de origem africana.
Entre 1810 e 1815, os Criolos lideraram revoltas e tentativas de independência da metrópole espanhola em vários vice-reinos. O movimento possuía um caráter urbano e não possuía um exército organizado. O processo de independência possuía um significado diferente para as camadas sociais da américa latina: para os Criolos a independência significava maior liberdade política e religiosa, para os indígenas e mestiços significava o fim dos altos impostos e melhores condições de vida.
O processo de independência ainda foi facilitado pela situação em que a Espanha se encontrava desde 1808, quando Napoleão Bonaparte invadiu a península Ibérica dominando espanhóis e portugueses. As elites criolas viram neste episódio o momento perfeito para deflagrar um movimento que buscava a independência dos vice-reinos, visto que a Espanha estaria ocupada com seus problemas internos causados por Napoleão. Além disso, os Criolos se espelharam no movimento de independência dos Estados Unidos, que havia obtido sucesso o que aumentou ainda mais suas ambições.
A independência da América do Sul
Entre as principais lideranças está Simón Bolívar (1783-1830) cuja campanha militar resultou na independência de Colômbia, Equador e Venezuela. Em troca do apoio militar fornecido pelos haitianos, Bolívar se comprometeu em abolir a escravidão em todos os territórios que conquistasse.
A independência da Argentina, Chile e Peru foi comandada por José de San Martín (1778-1850). Ambos os líderes se encontraram em Guayaquil, em 27 de julho de 1822, a fim de combinar estratégias políticas para os novos países. Quando a maioria das colônias espanholas já havia feito sua independência, os Estados Unidos proclamaram a Doutrina Monroe.
Com o lema "América para os Americanos", a doutrina resumia-se no combate a intervenções de caráter militar dos países europeus às nações do continente americano. Décadas mais tarde seriam os americanos que fariam o mesmo expulsando os espanhóis de Porto Rico e Cuba.
Independência do Haiti
Em meio às conturbações que movimentavam a Revolução Francesa na Europa, uma pequena ilha-centro americana era responsável por um dos mais singulares processos de independência daquele continente. Sendo uma das mais ricas colônias da França na região, o Haiti era um grande exportador de açúcar, controlado por uma pequena elite de brancos proprietários de terra, responsáveis pela exploração da predominante mão-de-obra escrava do local.
Com o advento da revolução, membros da elite e escravos vislumbram a oportunidade de dar fim às exigências impostas pelo pacto colonial francês. Contudo, enquanto a elite buscava maior autonomia política para a expansão de seus interesses, os escravos de origem africana queriam uma grande execução dos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade provenientes da França revolucionária. Em meio a tais contradições, o Haiti se preparava para o seu processo de independência.
Em 1791, uma mobilização composta por escravos, mulatos e ex-escravos se uniu com o objetivo de dar fim ao domínio exercido pela ínfima elite branca que controlava os poderes e instituições políticas do local. Sob a atuação do líder negro Toussaint Louverture, os escravos conseguiram tomar a colônia e extinguir a ordem vigente. Três anos mais tarde, quando a França esteve dominada pelas classes populares, o governo metropolitano decidiu acabar com a escravidão em todas as suas colônias.
A essa altura, a população de escravos haitiana já havia lavrado a sua liberdade. Contudo, as lutas responsáveis pela consolidação dessa nova realidade estariam longe de chegar ao seu fim. No ano de 1801, Louverture empreendeu uma nova mobilização que estendeu a liberdade para os escravos da região da ilha colonizada pelos espanhóis, que hoje corresponde à República Dominicana. Nesse período, Napoleão Bonaparte assumia a França e se mostrou contrário a perda desse importante domínio colonial.
No ano de 1803, Bonaparte enviou um grande exército que, sob o comando de Charles Leclerc, conseguiu deter Toussaint Louverture. Logo em seguida, o líder revolucionário acabou falecendo em uma prisão francesa. Apesar desse grande revés, os revolucionários haitianos contaram com a liderança de Jacques Dessalines para derrotar as forças do exército francês e, finalmente, proclamar a independência do Haiti. Logo em seguida, Dessalines foi alçado à condição de imperador do novo país.
Somente no ano de 1806, quando Dessalines foi traído e assassinado por Alexandre Pétion e Henri Christophe, o Haiti passou a adotar o regime republicano. O reconhecimento da independência daquele país só aconteceria no ano de 1825, quando o governo francês recebeu uma indenização de 150 milhões de francos. Depois disso, mesmo vivenciando diversos problemas, a notícia da independência no Haiti inspirou a revolta de escravos em diferentes regiões do continente americano.
ATIVIDADES
1 - Como era dividida a américa quando estava sobre domínio espanhol
2 – Quais os diferentes interesses que as diferentes classes sociais possuíam ao lutar pela independência da américa espanhola?
3 – Quais as diferenças podemos perceber no processo de independência do Haiti para os demais processos de independência da américa espanhola?
4 – Qual a relação existe entre a invasão da Espanha pelas tropas de Napoleão Bonaparte e o início do processo de independência da américa espanhola?
5 – Cite outros eventos históricos que influenciaram o processo de independência da américa espanhola e do Haiti.
6 – O que pregava a doutrina Monroe?
7 – De que forma a população de escravos participou do processo de independência do Haiti?