Atividades de Língua Portuguesa- 9 ano - Profª Sheila – 1º Bimestre - 2020
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Texto 1
O lobisomem
Como todas as mulheres da aldeia, Lola costumava lavar as roupas no rio. Naquele dia, porém, não pôde ir à hora costumeira com as amigas, e foi para o rio sozinha, no fim da tarde. O local estava solitário: só havia um rapaz que pescava na outra margem do rio.
Enquanto ensaboava um vestido, Lola deixou cair a trouxa no rio. O grito da moça chamou a atenção do pescador, que mergulhou e alcançou a trouxa. Dias depois, os dois se encontraram outra vez. Aos poucos, começou o namoro. Quando o irmão de Lola conheceu o rapaz, ficou bastante desconfiado.
“Você reparou que a pele dele é amarelada?”, perguntou Ulisses. “Não”, respondeu a moça.
“Dizem que quem tem essa cor amarelada é lobisomem”, disse o irmão. “Você está louco!”, esbravejou Lola.
Para saber ao certo quem era aquele rapaz, Ulisses foi até a fazenda em que ele trabalhava. Lá encontrou um amigo, que fez aumentar a sua desconfiança.
“Eu suspeito desse moço: tem uma cor esquisita e é o sétimo filho de dona Zefa. E, como dizem, o sétimo é o dízimo do diabo”.
Lola começou a notar que ele tinha um jeito esquisito, e foi direto ao assunto: “Gostaria de saber se você é lobisomem”, perguntou.
“Está maluca, Lola?”, disse o rapaz contrariado. “Desculpe. É que falam tanta coisa...”
E não tocaram mais no assunto.
Numa noite de verão, Lola acordou e foi até a varanda. Percebeu um movimento no jardim e quis ver o que era. Topou com um bicho grande, com os dentes arreganhados. Nunca tinha visto um animal como aquele, mistura de lobo e porco, e teve certeza de que era o lobisomem. O bicho avançou, abocanhando o robe da moça. Muito rápida, ela se livrou do robe e entrou em casa correndo. No dia seguinte, encontrou o namorado. Enquanto conversavam, ele deu uma risada e ela percebeu um fiozinho cor-de-rosa, da cor do seu robe, preso num dos dentes do rapaz. Lola saiu correndo, e ele a seguiu, sem saber o que estava acontecendo, mas depois de algum tempo desistiu.
No domingo, quando Ulisses foi comprar pão, a padaria estava um rebuliço. Frederico, que morava perto do namorado de Lola, contava que de madrugada tinha ouvido um barulho estranho na fazenda de Ígor. O barulho vinha do galinheiro, e ele saiu com o irmão para ver o que estava acontecendo. Ouviram um uivo longo e olharam para o céu: era noite de lua cheia. Uma enorme sombra projetava-se para fora do galinheiro — aquilo não era homem! Os irmãos atiraram. A fera — com cabeça e tronco de lobo e per- nas de homem — saiu do galinheiro. Ígor mirou a cabeça e acertou. O bicho caiu, estrebuchou longamen- te e depois silenciou. Morto, o bicho se transformou. O tronco continuou sendo de animal, mas a cabeça foi adquirindo traços humanos até ficar com a cara do namorado de Lola.
Silvana Salerno. Viagem pelo Brasil em 52 histórias. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2010. p. 140-1.
1. Na história lida, como em toda narrativa, há uma sequência de fatos e ações que desencadeiam novos fatos e ações. Complete o diagrama com as relações de causa e consequência.
Situação inicial
Lola e todas as mulheres da aldeia costumavam lavar roupas no rio.
Fato
Lola não pôde ir ao rio à hora costumeira e dirigiu-se para lá sozinha, no fim da tarde.
Consequência
A trouxa de roupa caiu no rio. Um único rapaz que estava por ali pescando mergulhou e pegou a trouxa para Lola.
Fato | Consecuencia |
Lola e o rapaz encontraram-se outras vezes. | |
Foi investigar quem era aquele estranho rapaz. | |
Lola se cansou das insinuações do irmão, mesmo assim ficou meio desconfiada. | |
Frederico e o irmão saíram para verificar a razão de um barulho que partia do galinheiro. |
2. Que fato levou Ulisses a desconfiar do namorado de Lola? Segundo o texto, por que Lola não deu atenção às palavras cautelosas do irmão?
3. O namorado de Lola sabia de sua condição? Encontre no texto pelo menos um argumento que compro- ve sua resposta.
4. Observe que quase todas as personagens têm nome: Lola, Ulisses, Ígor, dona Zefa; só o namorado de Lola não foi nomeado. Por que isso pode ter acontecido?
5. Em geral, as histórias populares encerram uma moral ou um ensinamento. As pessoas que as contam para os mais jovens esperam que eles aprendam com os erros ou acertos das personagens principais. Nesse caso, a personagem que estava correndo risco era Lola. Que lição é possível deduzir dessa história?
a) Nunca ande sozinha.
b) Nunca escute seu irmão.
c) Seja menos distraída.
d) Desconfie de estranhos.
6. Copie do texto três advérbios ou locuções adverbiais que indicam o tempo em que os fatos contados ocorreram.
7. Leia as duas frases abaixo e compare o uso dos termos destacados em cada uma delas.
•“O local estava solitário: só havia um rapaz que pescava na outra margem do rio”.•“Quando o irmão de Lola conheceu o rapaz, ficou bastante desconfiado”.
a) Qual a classe gramatical dos termos destacados?
b) Explique por que em hipótese alguma o o destacado na segunda frase poderia ser substituído por um.
8. Releia as frases tiradas do texto, observando o termo em destaque, depois explique por que neste caso se usa o pronome demonstrativo essa, e não esta.
“Você reparou que a pele dele é amarelada?”
“Dizem que quem tem essa cor amarelada é lobisomem […]”
9. Em relação ao verbo destacado, assinale a alternativa correta: “’Gostaria de saber se você é lobisomem’, perguntou.”
a) Lola usou o verbo no futuro do pretérito para indicar uma verdade que o rapaz não podia negar.
b) Lola usou o verbo no futuro do pretérito como uma forma gentil de perguntar.
c) Lola usou o verbo no futuro do subjuntivo por indicar uma possível verdade, pois o rapaz poderia ser um lobisomem.
d) Lola usou o verbo no futuro do presente para indicar uma possível verdade, pois o rapaz poderia ser um lobisomem.
10. Reescreva a frase a seguir, substituindo o pretérito mais-que-perfeito composto pelo pretérito mais-que-perfeito simples.
“Nunca tinha visto um animal como aquele, mistura de lobo e porco, e teve certeza de que era o lobisomem.”